terça-feira, março 08, 2005

Inundações

Eu sento-me.
Tu sentas-te.
E a conversa flúi sem palavras,
sem a intenção de as formar,
sem vontade de as dizer.
E a mim,
presa a outro mar de frases sem nexo
fogem-me os olhos com o embaraço
de quem se quer perder.
Sôfrego, puxas a minha vontade prisioneira
com uma dor de náufrago
e vês-me fugir de novo.
O silêncio fez-se chuva fervida
e embala o banco em que te sentaste,
as ondulações oscilantes das marés sem palavras
ondularam-me para costa incerta.
e tu, inundado, afundaste-te para sempre

quando me viste fugir de vez.

1 Indiscrições:

Anonymous Anónimo cuspiu...

Bem...
Vi-me ao espelho a ler este teu "vómito", como o apelidas. Quem me dera k os meus vómitos fossem tão poétikos =)
Mas realmente lembra-me algo k me aconteceu, há demasiado tempo para me lembrar de todos os pormenores e ainda não há há tempo suficiente para me ter saído da cabeça...
Realmente tantas conversas k se fazem sem palavras. Em silêncio. Ás vezes um silêncio leve, k expulsa todos os nossos medos sem precisar de ser quebrado, e outras vezes um silêncio pesado, torturante, k nos esmaga com o peso de um piano de cauda caído de uma varanda =), k deixa adivinhar desfechos também torturantes, aos quais não podemos fugir, assim como não podemos fugir do significado das palavras contidas nos silêncios...
Já diziam os Hands On Approach "Silence Speaks So Loud Inside Our Heads"...
E se fala... Tu fugiste algures no meio do silêncio, eu deixei algo muito precioso escapar-me também no meio de um dos nossos raros momentos de silêncio (justamente o momento em k + dissemos um ao outro). Mas apesar de ele ter fugido, sei k não fikou nd por dizer.
Gostei mt =)
Jinhux**************************

março 23, 2005 1:20 da manhã  

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