segunda-feira, março 07, 2005

Sala Amarela II


Irremediavelmente iluminada
por uma congelante e tão distante
luz tão branca de um Inverno tão negro,
porque as paredes são tudo janelas
e onde o chão é só somente um buraco,
eu estou só e rodeada de gente.
Sinto o roçagar suave e sadio
da seda de relva nos meus pés
e deito-me no silêncio tardio
sobre o areal cozido pelo sol.
Os hipopótamos bailam por entre
os sussurros de juncos sorridentes
enquanto os corpos nus se banham
no alto sol da doca à meia noite.
E tudo sossega de manhã num
Inverno negro e entranhado nas
profundezas das paredes vidradas
saciadas pela branquidão do espaço.
Na calma surge o som esfumaceante,
ondulando o calmo e rosáceo mar
de um alto comboio a saltar as tábuas
a abarrotar suas fundas entranhas
de vis e vãos passageiros invisíveis.
E tudo se acalma e tudo sossega.
E tudo tem paz e tudo adormece.

Num todo Inverno tão negro e tão claro.

0 Indiscrições:

espetar o dedo na fechadura ->Enviar um comentário

<< Lar doce lar